Papa Francisco

Catequese
PAPA ACOLHEDOR

Queridos irmãos e irmãs,

No “Credo”, depois de ter professado “Creio na Igreja una”, acrescentamos o adjetivo “santa”; afirmamos, isto é, a santidade da Igreja e esta é uma característica que já esteve presente desde o início na consciência dos primeiros cristãos, os quais se chamavam simplesmente “os santos” (cfr At 9, 13. 32. 41; Rm 8, 27; 1 Cor 6, 1), porque tinham a certeza de que a ação de Deus, o Espírito Santo que santifica a Igreja.
Mas em que sentido a Igreja é santa se vemos que a Igreja histórica, em seu caminho ao longo dos séculos, teve tantas dificuldades, problemas, momentos sombrios? Como pode ser santa uma Igreja feita de seres humanos, de pecadores? Homens pecadores, mulheres pecadoras, sacerdotes pecadores, irmãs pecadoras, bispos pecadores, cardeais pecadores, Papa pecador? Todos. Como pode ser santa uma Igreja assim?
Para responder à pergunta gostaria de guiar-me por um trecho da Carta de São Paulo aos cristãos de Éfeso. O apóstolo, tomando como exemplo as relações familiares, afirma que “Cristo amou a Igreja e doou a si mesmo por ela, para torná-la santa” (5, 25-26). Cristo amou a Igreja, doando todo a si mesmo na cruz. E isto significa que a Igreja é santa porque procede de Deus que é santo, lhe é fiel e não a abandona em poder da morte e do mal (cfr Mt 16, 18). É santa por que Jesus Cristo, o Santo de Deus (cfr Mc 1, 24), está unido de forma indissolúvel a esta (cfr Mt 28, 20); é santa porque é guiada pelo Espírito Santo que purifica, transforma, renova. Não é santa pelos nossos méritos, mas porque Deus a torna santa, é fruto do Espírito Santo e dos seus dons. Não somos nós a fazê-la santa: é Deus, é o Espírito Santo, que no seu amor, faz santa a Igreja!
2. Vocês poderiam dizer-me: mas a Igreja é formada por pecadores, vemos isso todos os dias. E isto é verdade: somos uma Igreja de pecadores; e nós pecadores somos chamados a deixar-nos transformar, renovar, santificar por Deus. Houve na história a tentação de alguns que afirmavam: a Igreja é somente a Igreja dos puros, daqueles que são totalmente coerentes e os outros seguem afastados. Isto não é verdade! Isto é uma heresia! A Igreja, que é santa, não rejeita os pecadores; não rejeita todos nós; não rejeita porque chama todos, acolhe-os, está aberta também aos mais distantes, chama todos a deixar-se envolver pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de encontrá-Lo, de caminhar rumo à santidade. “Mas, padre, eu sou um pecador, tenho grandes pecados, como posso sentir-me parte da Igreja?”. Querido irmão, querida irmã, é propriamente isto que deseja o Senhor; que você lhe diga: “Senhor, estou aqui, com os meus pecados”. Alguém de vocês está aqui sem os próprios pecados? Alguém de vocês? Ninguém, nenhum de nós. Todos levamos conosco os nosso pecados. Mas o Senhor quer ouvir que lhe digamos: “Perdoa-me, ajuda-me a caminhar, transforma o meu coração!”. E o Senhor pode transformar o coração. Na Igreja, o Deus que encontramos não é um juiz implacável, mas é como o Pai da parábola evangélica. Você pode ser como o filho que deixou a casa, que tocou o fundo do distanciamento de Deus. Quando tens a força de dizer: quero voltar pra casa, encontrarás a porta aberta, Deus vem ao seu encontro porque te espera sempre, Deus te espera sempre. Deus te abraça, te beija e faz festa. Assim é o Senhor, assim é a ternura do nosso Pai celeste. O Senhor nos quer parte de uma Igreja que sabe abrir os braços para acolher todos, que não é a casa de poucos, mas a casa de todos, onde todos podem ser renovados, transformados, santificados pelo seu amor, os mais fortes e os mais frágeis, os pecadores, os indiferentes, aqueles que se sentem desencorajados e perdidos. A Igreja oferece a todos a possibilidade de percorrer o caminho da santidade, que é o caminho do cristão: faz-nos encontrar Jesus Cristo nos Sacramentos, especialmente na Confissão e na Eucaristia; comunica-nos a Palavra de Deus, faz-nos viver na caridade, no amor de Deus para com todos. Perguntemo-nos então: deixamo-nos santificar? Somos uma Igreja que chama e acolhe de braços abertos os pecadores, que dá coragem, esperança, ou somos uma Igreja fechada em si mesma? Somos uma Igreja na qual se vive o amor de Deus, na qual se tem atenção para com o outro, na qual se reza uns pelos outros?
3. Uma última pergunta: o que posso fazer eu que me sinto indefeso, frágil, pecador? Deus te diz: não ter medo da santidade, não ter medo de sonhar alto, de deixar-se amar e purificar por Deus, não ter medo de deixar-se guiar pelo Espírito Santo. Deixemo-nos contagiar pela santidade de Deus. Todo cristão é chamado à santidade (cfr Const. Dogm. Lumen gentium, 39-42); e a santidade não consiste antes de tudo em fazer coisas extraordinárias, mas no deixar Deus agir. É o encontro da nossa fraqueza com a força da Sua graça, é ter confiança em Sua ação que nos permite viver na caridade, fazer tudo com alegria e humildade, para a glória de Deus e no serviço ao próximo. Há uma célebre frase do escritor francês Léon Bloy; nos últimos momentos da sua vida dizia: “Há uma só tristeza na vida, aquela de não ser santos”. Não percamos a esperança na santidade, percorramos todos este caminho. Queremos ser santos? O Senhor espera todos nós, com os braços abertos; espera-nos para nos acompanhar neste caminho de santidade. Vivamos com alegria a nossa fé, deixemo-nos amar pelo Senhor… peçamos este dom a Deus na oração, por nós e pelos outros.
(Tradução: Jéssica Marçal/Canção Nova)

Testemunhos e notícias

Entrevista com o Papa Francisco

Papaciviltacatt


No dia 21 de setembro a revista italiana La Civiltà Cattolica e algumas revistas da Companhia de Jesus publicaram uma entrevista com o Papa Francisco.
A entrevista teve uma repercussão mundial sendo referida por vários órgãos da imprensa internacional.
Os conteúdos desta entrevista, aberta e franca, com Antonio Spadaro, diretor da revista jesuíta, são amplos: da sua história pessoal à experiência pastoral e de governo, à sua visão da Igreja capaz de “curar as feridas” e “aquecer os corações”; papa Francisco falou de si sob todos os aspectos.
Contudo, no seu conjunto a entrevista tem uma característica especial, que já nos é familiar: Papa Francisco mantém sempre o olhar atento às periferias existenciais, sobre aquela humanidade que sofre e que deve ser privilegiada na atenção dos cristãos.
Mesmo quando ele fala sobre si, mesmo quando conta sobre sua vida particular, Papa Francisco nunca é auto-referencial, mas ajuda o leitor a tornar-se consciente de que o mundo deve ser amado e por isso cuidado e sustentado, estimulando todos a trabalhar mirando as fronteiras, para fazer da humanidade um laboratório de esperança.
Você pode ler a entrevista completa aqui.

Credits Photo: Oratorio berbenno, Creative Commons License

Assista este vídeo: 


JMJ - Encontro com os Bispos: Papa diz que pastorais devem fugir do funcionalismo e focar na periferia

29/07/2013

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Papa diz que pastorais devem fugir do funcionalismo e focar na periferia
Francisco falou em encontro Conselho Episcopal Latino-Americano no Rio.
Rosanne D'Agostino
Do G1, em São Paulo
O Papa Francisco despediu-se da residência do Sumaré neste domingo (28), durante encontro com a coordenação do Conselho Episcopal Latino-Americano, e afirmou aos bispos que eles devem fugir de diversas tentações, entre elas, o funcionalismo, e devem focar seu trabalho de evangelização nas periferias.
O encontro tratou da importância dos missionários na América Latina. Segundo o Papa, o “funcionalismo” é outro problema, que pode ser “paralisante”. "Peço que não se ofendam, mas creio que estamos muito atrasados", disse o Papa Francisco, ao falar sobre o trabalho das pastorais na América Latina.
Francisco fez questionamentos sobre o papel da Igreja e perguntou se agentes pastorais e fiéis se sentem parte dela. Em seguida, o Papa tratou da forma como evangelizar. "A pastoral é, em última instância, o exercício de maternidade da Igreja", disse.
O Papa afirmou que o papel dos bispos deve ser de "padres irmãos, pacientes e misericordiosos e homens que amem a pobreza", que não sejam ambiciosos e não tenham "psicologia de príncipes". Para o Papa, os bispos devem manter seu povo unido e cuidar da esperança dele.
"A experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história", disse o religioso.
Leia a íntegra:
Rio de Janeiro, 28 de setembro
Encontro com Comitê de Coordenação do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano)
1 – Introdução
Agradeço ao Senhor por esta oportunidade de poder falar com vocês, Irmãos Bispos responsáveis do CELAM no quadriênio 2011-2015. Há 57 anos que o CELAM serve as 22 Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, colaborando solidária e subsidiariamente para promover, incentivar e dinamizar a colegialidade episcopal e a comunhão entre as Igrejas da região e seus pastores.
Como vocês, também eu sou testemunha do forte impulso do Espírito na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida no mês de maio de 2007, que continua animando os trabalhos do CELAM para a anelada renovação das Igrejas particulares. Em boa parte delas, essa renovação já está em andamento. Gostaria de centrar esta conversação no patrimônio herdado daquele encontro fraterno e que todos batizamos como Missão Continental.
2 - Características peculiares de Aparecida
Existem quatro características típicas da referida V Conferência. Constituem como que quatro colunas do desenvolvimento de Aparecida que lhe dão a sua originalidade.
- Início sem documento
Medelín, Puebla e Santo Domingo começaram os seus trabalhos com um caminho preparatório que culminou em uma espécie de Instrumentum laboris, com base no qual se desenrolou a discussão, a reflexão e a aprovação do documento final. Em vez disso, Aparecida promoveu a participação das Igrejas particulares como caminho de preparação que culminou em um documento de síntese. Este documento, embora tenha sido ponto de referência durante a V Conferência Geral, não foi assumido como documento de partida. O trabalho inicial foi pôr em comum as preocupações dos pastores perante a mudança de época e a necessidade de recuperar a vida de discípulo e missionário com que Cristo fundou a Igreja.
- Ambiente de oração com o Povo de Deus
É importante lembrar o ambiente de oração gerado pela partilha diária da Eucaristia e de outros momentos litúrgicos, tendo sido sempre acompanhados pelo Povo de Deus. Além disso, realizando-se os trabalhos na cripta do Santuário, a “música de fundo” que os acompanhava era constituída pelos cânticos e as orações dos fiéis.
- Documento que se prolonga em compromisso, com a Missão Continental
Neste contexto de oração e vivência de fé, surgiu o desejo de um novo Pentecostes para a Igreja e o compromisso da Missão Continental. Aparecida não termina com um documento, mas prolonga-se na Missão Continental.
- A presença de Nossa Senhora, Mãe da América
É a primeira Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe que se realiza em um Santuário mariano.
3 - Dimensões da Missão Continental
A Missão Continental está projetada em duas dimensões: programática e paradigmática. A missão programática, como o próprio nome indica, consiste na realização de atos de índole missionária. A missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares. Em consequência disso, evidentemente, verifica-se toda uma dinâmica de reforma das estruturas eclesiais. A “mudança de estruturas” (de caducas a novas) não é fruto de um estudo de organização do organograma funcional eclesiástico, de que resultaria uma reorganização estática, mas é consequência da dinâmica da missão. O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade. Daqui a importância da missão paradigmática.
A Missão Continental, tanto programática como paradigmática, exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade. O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros. Portanto, a Missão Continental implica pertença eclesial.
Uma posição como esta, que começa pelo discipulado missionário e implica entender a identidade do cristão como pertença eclesial, pede que explicitemos quais são os desafios vigentes da missionariedade discipular. Me limito a assinalar dois: a renovação interna da Igreja e o diálogo com o mundo atual.
Renovação interna da Igreja
Aparecida propôs como necessária a Conversão Pastoral. Esta conversão implica acreditar na Boa Nova, acreditar em Jesus Cristo portador do Reino de Deus, em sua irrupção no mundo, em sua presença vitoriosa sobre o mal; acreditar na assistência e guia do Espírito Santo; acreditar na Igreja, Corpo de Cristo e prolongamento do dinamismo da Encarnação.
Neste sentido, é necessário que nos interroguemos, como pastores, sobre o andamento das Igrejas a que presidimos.
Estas perguntas servem de guia para examinar o estado das dioceses quanto à adoção do espírito de Aparecida, e são perguntas que é conveniente pôr-nos, muitas vezes, como exame de consciência.
1) Procuramos que o nosso trabalho e o de nossos presbíteros seja mais pastoral que administrativo? Quem é o principal beneficiário do trabalho eclesial, a Igreja como organização ou o Povo de Deus na sua totalidade?
2) Superamos a tentação de tratar de forma reativa os problemas complexos que surgem? Criamos um hábito proativo? Promovemos espaços e ocasiões para manifestar a misericórdia de Deus? Estamos conscientes da responsabilidade de repensar as atitudes pastorais e o funcionamento das estruturas eclesiais, buscando o bem dos fiéis e da sociedade?
3) Na prática, fazemos os fiéis leigos participantes da missão? Oferecemos a palavra de Deus e os sacramentos com consciência e convicção claras de que o Espírito se manifesta neles?
4) Temos como critério habitual o discernimento pastoral, servindo-nos dos Conselhos Diocesanos? Tanto estes como os Conselhos paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos são espaços reais para a participação laical na consulta, organização e planejamento pastoral? O bom funcionamento dos Conselhos é determinante. Acho que estamos muito atrasados nisso.
5) Nós, Pastores Bispos e Presbíteros, temos consciência e convicção da missão dos fiéis e lhes damos a liberdade para irem discernindo, de acordo com o seu processo de discípulos, a missão que o Senhor lhes confia? Apoiamo-los e acompanhamos, superando qualquer tentação de manipulação ou indevida submissão? Estamos sempre abertos para nos deixarmos interpelar pela busca do bem da Igreja e da sua Missão no mundo?
6) Os agentes de pastoral e os fiéis em geral sentem-se parte da Igreja, identificam-se com ela e aproximam-na dos batizados indiferentes e afastados?
Como se pode ver, aqui estão em jogo atitudes. A Conversão Pastoral diz respeito, principalmente, às atitudes e a uma reforma de vida. Uma mudança de atitudes é necessariamente dinâmica: “entra em processo” e só é possível moderá-lo acompanhando-o e discernindo-o. É importante ter sempre presente que a bússola, para não se perder nesse caminho, é a identidade católica concebida como pertença eclesial.
Diálogo com o mundo atual
Faz-nos bem lembrar estas palavras do Concílio Vaticano II: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo” (cf. GS, 1). Aqui reside o fundamento do diálogo com o mundo atual.
A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, entranha uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja. Os cenários e areópagos são os mais variados. Por exemplo, em uma mesma cidade, existem vários imaginários coletivos que configuram “diferentes cidades”. Se continuarmos apenas com os parâmetros da “cultura de sempre”, fundamentalmente uma cultura de base rural, o resultado acabará anulando a força do Espírito Santo. Deus está em toda a parte: há que saber descobrí-lo para poder anunciá-lo no idioma dessa cultura; e cada realidade, cada idioma tem um ritmo diferente.
4 - Algumas tentações contra o discipulado missionário
A opção pela missionariedade do discípulo sofrerá tentações. É importante saber por onde entra o espírito mau, para nos ajudar no discernimento. Não se trata de sair à caça de demônios, mas simplesmente de lucidez e prudência evangélicas. Limito-me a mencionar algumas atitudes que configuram uma Igreja “tentada”. Trata-se de conhecer determinadas propostas atuais que podem mimetizar-se em a dinâmica do discipulado missionário e deter, até fazê-lo fracassar, o processo de Conversão Pastoral.
1) A ideologização da mensagem evangélica. É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja.
Um exemplo: a dado momento, Aparecida sofreu essa tentação sob a forma de assepsia. Foi usado, e está bem, o método de “ver, julgar, agir”. A tentação se encontraria em optar por um "ver" totalmente asséptico, um “ver” neutro, o que não é viável. O ver está sempre condicionado pelo olhar. Não há uma hermenêutica asséptica. Então a pergunta era: Com que olhar vamos ver a realidade? Aparecida respondeu: Com o olhar de discípulo. Assim se entendem os números 20 a 32. Existem outras maneiras de ideologização da mensagem e, atualmente, aparecem na América Latina e no Caribe propostas desta índole. Menciono apenas algumas:
a) O reducionismo socializante. É a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo com as ciências sociais. Engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até a categorização marxista.
b) A ideologização psicológica. Trata-se de uma hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o “encontro com Jesus Cristo” e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento.
Costuma verificar-se principalmente em cursos de espiritualidade, retiros espirituais, etc. Acaba por resultar numa posição imanente autorreferencial. Não tem sabor de transcendência, nem portanto de missionariedade.
c) A proposta gnóstica. Muito ligada à tentação anterior. Costuma ocorrer em grupos de elites com uma proposta de espiritualidade superior, bastante desencarnada, que acaba por desembocar em posições pastorais de “quaestiones disputatae”. Foi o primeiro desvio da comunidade primitiva e reaparece, ao longo da história da Igreja, em edições corrigidas e renovadas. Vulgarmente são denominados “católicos iluminados” (por serem atualmente herdeiros do Iluminismo).
d) A proposta pelagiana. Aparece fundamentalmente sob a forma de restauracionismo. Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo culturalmente, não possuem capacidade significativa. Na América Latina, costuma verificar-se em pequenos grupos, em algumas novas Congregações Religiosas, em tendências para a “segurança” doutrinal ou disciplinar. Fundamentalmente é estática, embora possa prometer uma dinâmica para dentro: regride. Procura “recuperar” o passado perdido.
2) O funcionalismo. A sua ação na Igreja é paralisante. Mais do que com a rota, se entusiasma com o “roteiro”. A concepção funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado palpável e as estatísticas. A partir disso, chega-se a todas as modalidades empresariais de Igreja. Constitui uma espécie de “teologia da prosperidade” no organograma da pastoral.
3) O clericalismo é também uma tentação muito atual na América Latina. Curiosamente, na maioria dos casos, trata-se de uma cumplicidade viciosa: o sacerdote clericaliza e o leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo. O fenômeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade adulta e de liberdade cristã em boa parte do laicato da América Latina: ou não cresce (a maioria), ou se abriga sob coberturas de ideologizações como as indicadas, ou ainda em pertenças parciais e limitadas.
Em nossas terras, existe uma forma de liberdade laical através de experiências de povo: o católico como povo. Aqui vê-se uma maior autonomia, geralmente sadia, que se expressa fundamentalmente na piedade popular. O capítulo de Aparecida sobre a piedade popular descreve, em profundidade, essa dimensão. A proposta dos grupos bíblicos, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos pastorais está na linha de superação do clericalismo e de um crescimento da responsabilidade laical.
Poderíamos continuar descrevendo outras tentações contra o discipulado missionário, mas acho que estas são as mais importantes e com maior força neste momento da América Latina e do Caribe.
5 - Algumas orientações eclesiológicas
a) O discipulado-missionário que Aparecida propôs às Igrejas da América Latina e do Caribe é o caminho que Deus quer para “hoje”. Toda a projeção utópica (para o futuro) ou restauracionista (para o passado) não é do espírito bom. Deus é real e se manifesta no “hoje”. A sua presença, no passado, se nos oferece como “memória” da saga de salvação realizada quer em seu povo quer em cada um de nós; no futuro, se nos oferece como “promessa” e esperança. No passado, Deus esteve lá e deixou sua marca: a memória nos ajuda encontrá-lo; no futuro, é apenas promessa... e não está nos mil e um “futuríveis”. O “hoje” é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o “hoje” é uma centelha de eternidade. No “hoje”, se joga a vida eterna.
O discipulado missionário é vocação: chamada e convite. Acontece em um “hoje”, mas “em tensão”. Não existe o discipulado missionário estático. O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a transcendência da missão. Não admite a autorreferencialidade: ou refere-se a Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele. Sujeito que se transcende. Sujeito projetado para o encontro: o encontro com o Mestre (que nos unge discípulos) e o encontro com os homens que esperam o anúncio.
Por isso, gosto de dizer que a posição do discípulo missionário não é uma posição de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias... incluindo as da eternidade no encontro com Jesus Cristo. No anúncio evangélico, falar de “periferias existenciais” descentraliza e, habitualmente, temos medo de sair do centro. O discípulo-missionário é um descentrado: o centro é Jesus Cristo, que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais.
b) A Igreja é instituição, mas, quando se erige em “centro”, se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma ONG. Então, a Igreja pretende ter luz própria e deixa de ser aquele “mysterium lunae” de que nos falavam os Santos Padres.
Torna-se cada vez mais autorreferencial, e se enfraquece a sua necessidade de ser missionária. De “Instituição” se transforma em “Obra”. Deixa de ser Esposa, para acabar sendo Administradora; de Servidora se transforma em “Controladora”. Aparecida quer uma Igreja Esposa, Mãe, Servidora, facilitadora da fé e não controladora da fé.
c) Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos podem também servir de orientação para avaliar o modo como vivemos eclesialmente o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova, antes configuram a maneira como Deus se revelou na história. É o “Deus próximo” do seu povo, proximidade que chega ao máximo quando Ele encarna. É o Deus que sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho.
Ignora-se a "revolução da ternura", que provocou a encarnação do Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Este tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de proselitismo, mas nunca chegam a conseguir inserção nem pertença eclesial. A proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro. A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro. Uma pedra de toque para aferir a proximidade e a capacidade de encontro de uma pastoral é a homilia. A pastoral é, em última instância, o exercício de maternidade da Igreja. Como são as nossas homilias? Estão próximas do exemplo de Nosso Senhor, que “falava como quem tem autoridade”, ou são meramente prescritivas, distantes, abstratas?
d) Quem guia a pastoral, a Missão Continental (seja programática seja paradigmática), é o bispo. Ele deve guiar, que não é o mesmo que comandar. Além de assinalar as grandes figuras do episcopado latino-americano que todos nós conhecemos, gostaria de acrescentar aqui algumas linhas sobre o perfil do Bispo, que já disse aos Núncios na reunião que tivemos em Roma. Os bispos devem ser pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes”. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para cuidar da esperança: que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar onde o bispo pode estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre mas também, e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos.
Não quero juntar mais detalhes sobre a pessoa do bispo, mas simplesmente acrescentar, incluindo-me a mim mesmo nesta afirmação, que estamos um pouco atrasados no que a Conversão Pastoral indica. Convém que nos ajudemos um pouco mais a dar os passos que o Senhor quer que cumpramos neste “hoje” da América Latina e do Caribe. E seria bom começar por aqui.
Agradeço-lhes a paciência de me ouvirem. Desculpem a desordem do discurso e lhes peço, por favor, para tomarmos a sério a nossa vocação de servidores do povo santo e fiel de Deus, porque é nisso que se exerce e mostra a autoridade: na capacidade de serviço. Muito obrigado!
Fonte: G1 - http://g1.globo.com/jornada-mundial-da-juventude/2013/noticia/2013/07/papa-diz-que-pastorais-devem-fugir-do-funcionalismo-e-focar-na-periferia.html
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LEIA ATÉ O FINAL - ESTE É O HOMEM!!!!!!!!!!!!!! 
Veja a constatação sobre o papa Francisco na JMJ 2013

> Eu nunca vi um Papa pegar o avião carregando uma maleta.
> Eu nunca vi um Papa preso num engarrafamento dentro de um Fiat com uma

> multidão ao redor.
> Eu nunca vi um Papa manter o vidro do carro abaixado para estender a mão
> e tocar as pessoas.
> Eu nunca vi um Papa andando rapidinho.
> Eu nunca vi um Papa indo na direção que não se espera que ele vá.
> Eu nunca vi um Papa sair debaixo do guarda-chuva.
> Eu nunca vi um Papa entrando no meio da multidão.
> Eu nunca vi um Papa perguntar: por acaso a gente visita alguém de quem
> gosta, um amigo, dentro de uma caixa de vidro?
> Eu nunca vi um Papa responder não à pergunta que fez balançando o indicador.
> Eu nunca vi um Papa dizer que pode levar um soco.
> Eu nunca vi um Papa dizer que é inconsciente.
> Eu nunca vi um Papa deixar a segurança tonta.
> Eu nunca vi um Papa dizer é tudo ou nada.
> Eu nunca vi um Papa dizer que, ou a gente faz a viagem com
> comunicação
> humana como deve ser, ou não faz.
> Eu nunca vi um Papa dizer que comunicação pela metade não faz
> bem.
> Eu nunca vi um Papa chegar dizendo: permitam-me que nessa hora eu
> possa
> bater delicadamente a esta porta, peço licença para entrar.
> Eu nunca vi um Papa dar bom dia e exclamar que bom estar aqui.
> Eu nunca vi um Papa dizer como é bom ser bem acolhido.
> Eu nunca vi um Papa abraçar em vez de dar a mão para beijar.
> Eu nunca vi um Papa tocar o ombro do motorista pedindo para o 
> papamóvel
> parar.
> Eu nunca vi um Papa descer de repente do papamóvel.
> Eu nunca vi um Papa trocar o solidéu por outro que um fiel lhe
> estendeu
> de presente.
> Eu nunca vi um Papa afagar criança com ternura sem que seja para
> aparecer
> na foto.
> Eu nunca vi um Papa ser chamado de fofo até por não católicos ou
> ateus.
> Eu nunca vi um Papa reunir no frio e na chuva uma multidão maior do
> que
> Réveillon ou Carnaval.
> Eu nunca vi um Papa sempre alegre e bem-humorado.
> Eu nunca vi um Papa falar tantas vezes a palavra alegria com
> alegria.
> Eu nunca vi um Papa com cara de quem faz arte.
> Eu nunca vi um Papa que dá vontade de fazer arte.
> Eu nunca vi um Papa inspirar tantas esculturas de areia na praia e
> provocar a transformação do “fio dental” em minissaia.
> Eu nunca vi um Papa que não fala em pecado.
> Eu nunca vi um Papa a quem eu confiaria um segredo.
> Eu nunca vi um Papa falar pouco e dizer muito.
> Eu nunca vi um Papa que dá vontade de ouvir o que ele diz.
> Eu nunca vi um Papa coerente.
> Eu nunca vi um Papa didático.
> Eu nunca vi um Papa explicar primeiro isto, segundo isso, terceiro
> aquilo.
> Eu nunca vi um Papa perguntar: estão me entendendo?
> Eu nunca vi um Papa dizer coisas que todo mundo entende.
> Eu nunca vi um Papa não dar uma de sabichão, autoridade, dono da
> verdade.
> Eu nunca vi um Papa falar sem rodeios, dizer: olha, o que eu espero
> é o
> seguinte.
> Eu nunca vi um Papa dizer que os mais pobres são os que mais
> praticam a
> generosidade.
> Eu nunca vi um Papa dizer que sempre é possível botar mais água
> no feijão.
> Eu nunca vi um Papa repetir um ditado.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a palavra solidariedade incomoda muita
> gente, parece um palavrão.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a ação vale mais do que a palavra.
> Eu nunca vi um Papa não dar muita trela para os governantes.
> Eu nunca vi um Papa falar claramente dos governantes.
> Eu nunca vi um Papa dizer que não adianta tentar pacificar a
> periferia se
> ela é abandona pela sociedade.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a medida da grandeza de uma sociedade
> reside no modo como ela trata os mais pobres.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a realidade pode mudar.
> Eu nunca vi um Papa dizer que ninguém é descartável.
> Eu nunca vi um Papa mandar os padres saírem da paróquia e ir para
> as
> ruas, para as periferias, trabalhar para os pobres.
> Eu nunca vi um Papa exaltar o entusiasmo e a criatividade.
> Eu nunca vi um Papa entusiasmado.
> Eu nunca vi um Papa com faísca nos olhos.
> Eu nunca vi um Papa com cara de desejo.
> Eu nunca vi um Papa brincar que aceitaria um copo d’água, um
> cafezinho,
> cachaça não.
> Eu nunca vi um Papa que dá vontade de dar uma cachaça para ele
> provar.
> Eu nunca vi um Papa que a gente pressente que vai adorar caipirinha.
> Eu nunca vi um Papa fazer piada.
> Eu nunca vi um Papa dizer que Deus é brasileiro.
> Eu nunca vi um Papa sugerir oferecer uma dúzia de ovos a Santa
> Clara para
> parar de chover.
> Eu nunca vi um Papa dizer que não gosta de dar opinião sem
> conhecer.
> Eu nunca vi um Papa baixar a cabeça e refletir antes de responder.
> Eu nunca vi um Papa dizer perdão se me estendi e falei demais.
> Eu nunca vi um Papa se desculpar.
> Eu nunca vi um Papa agradecer a gentileza do entrevistador.
> Eu nunca vi um Papa dizer que se esqueceu.
> Eu nunca vi um Papa dizer que é mal educado.
> Eu nunca vi um Papa dizer: vou me atrever dizer uma coisa, sem 
> ofender.
> Eu nunca vi um Papa dizer a palavra gay.
> Eu nunca vi um Papa dizer quem sou eu para julgar.
> Eu nunca vi um Papa pedir para rezar por ele.
> Eu nunca vi um Papa dar gargalhada.
> Eu nunca vi um Papa bater palma.
> Eu nunca vi um Papa coçar o nariz.
> Eu nunca vi um Papa dizer que padre apegado ao dinheiro é uma
> ofensa ao
> povo.
> Eu nunca vi um Papa dizer que padre precisa ter carro, mas não
> carro de
> luxo.
> Eu nunca vi um Papa dizer que o povo exige simplicidade e
> despojamento de
> pessoas consagradas.
> Eu nunca vi um Papa falar a palavra corrupção.
> Eu nunca vi um Papa falar de políticos corruptos.
> Eu nunca vi um Papa falar de sacerdotes corruptos.
> Eu nunca vi um Papa falar do escândalo do *Vatileaks.*
> Eu nunca vi um Papa dizer a palavra *Vatileaks.*
> Eu nunca vi um Papa dizer: que belo serviço esse Senhor presta à
> Igreja,
> não? - a respeito de um monsenhor envolvido num escândalo de 
> milhões de
> dólares
> Eu nunca vi um Papa dizer que sacerdote que age mal merece
> punição.
> Eu nunca vi um Papa dizer que recusou o apartamento papal para
> evitar
> gastar dinheiro com psiquiatras.
> Eu nunca vi um Papa dizer que não consegue viver só: solidão faz
> mal a
> ele.
> Eu nunca vi um Papa dizer que precisa de contato com pessoas 
> diferentes.
> Eu nunca vi um Papa achar o inconformismo dos jovens muito lindo.
> Eu nunca vi um Papa dizer que é preciso ouvir os jovens.
> Eu nunca vi um Papa dizer que os velhos devem abrir a boca.
> Eu nunca vi um Papa dizer que os jovens têm que deixar os velhos 
> falarem
> e escutar o que dizem.
> Eu nunca vi um Papa perguntar: está claro?
> Eu nunca vi um Papa dizer que a utopia não é sempre negativa: 
> utopia é
> respirar e olhar adiante.
> Eu nunca vi um Papa dizer que é indisciplinado.
> Eu nunca vi um Papa dizer *enfant terrible.*
> Eu nunca vi um Papa dizer que quer tratar gente como gente.
> Eu nunca vi um Papa dizer que não conhece mãe por 
> correspondência: mãe
> acaricia, toca, beija, cuida, alimenta, ama.
> Eu nunca vi um Papa fazer gesto de embalar um bebê no colo.
> Eu nunca vi um Papa repetir esse gesto e sorrir como um bebê.
> Eu nunca vi um Papa dizer que uma Igreja distante das pessoas é
> como uma
> mãe que se comunica com seu filho por carta.
> Eu nunca vi um Papa dizer a palavra *outsider.*
> Eu nunca vi um Papa dizer que a Igreja precisa sempre ser reformada:
> coisas que serviam em outras épocas, agora não servem mais.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a Igreja tem que ser dinâmica e 
> responder
> às coisas da vida.
> Eu nunca vi um Papa dizer que não gosta de jovem que não protesta.
> Eu nunca vi um Papa dizer que às vezes a experiência da vida é um
> freio.
> Eu nunca vi um Papa dizer que os jovens não devem ser manipulados.
> Eu nunca vi um Papa dizer que tem muita gente querendo manipular os
> jovens.
> Eu nunca vi um Papa dizer que manipulação é um perigo.
> Eu nunca vi um Papa usar a expressão feroz idolatria do dinheiro.
> Eu nunca vi um Papa dizer que quem manda hoje é o dinheiro.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a política no mundo atual é 
> economicista,
> autossuficiente, sem qualquer controle ético.
> Eu nunca vi um Papa dizer que para sustentar esse modelo há uma
> política
> de exclusão de jovens e idosos: eles não produzem, não servem para
> nada.
> Eu nunca vi um Papa dizer que o jovem e o velho estão no mesmo
> barco.
> Eu nunca vi um Papa dizer que criança morrendo de fome e sem
> educação,
> mendigos morrendo de frio no inverno, gente doente sem acesso a
> tratamento,
> nada disso é notícia.
> Eu nunca vi um Papa dizer que quando as Bolsas das principais
> capitais
> perdem três ou quatro pontos isso é tratado como uma grande
> catástrofe
> mundial.
> Eu nunca vi um Papa perguntar: compreende?
> Eu nunca vi um Papa falar de humanismo desumano que estamos vivendo.
> Eu nunca vi um Papa dizer que é preciso defender uma realidade 
> humana,
> valores éticos.
> Eu nunca vi um Papa dizer que cada religião tem suas próprias
> crenças e
> que é preciso respeitar a fé de cada um.
> Eu nunca vi um Papa falar que não interessa ficar brigando por 
> questões
> de fé, o que interessa é que todos se juntem para acabar com o 
> sofrimento
> alheio.
> Eu nunca vi um Papa dizer que se tem uma criança com fome e sem
> educação,
> o que importa é que ela deixe de ter fome e tenha educação.
> Eu nunca vi um Papa dizer que ninguém pode dormir tranquilo 
> enquanto isso
> existir.
> Eu nunca vi um Papa dizer que a única saída é sair de si mesmo.
> Eu nunca vi um Papa filosofar.
> Eu nunca vi um Papa falar de construir uma vida feliz.
> Eu nunca vi um Papa dizer que vai sentir saudade.
> Eu nunca vi um Papa dizer que já está sentindo saudade.
> Eu nunca vi um Papar dizer a palavra saudade.
> Eu nunca vi um Papa que sente.
> Eu nunca vi um Papa que tem cara de gente.
> Eu nunca vi um Papa de quem a gente sente saudade.
> Eu nunca vi um Papa agente.
> Eu nunca vi um Papa gente.
> 
> Eu nunca vi.
> Eu nunca vi-vi.
> 
> Antes e depois de Francisco.
> 
> (Claudio Pfeil, brasileiro em Paris) 

Carta do papa Francisco a um sacerdote argentino

Levo uma vida normal

O papa Francisco enviou uma breve carta ao sacerdote argentino Enrique “Quique” Rodríguez, na qual fala da sua opção por “levar uma vida normal” e manter um contato contínuo com as pessoas.
“Estou perto das pessoas e levo uma vida normal: missa pública de manhã, almoço no refeitório com todos, etc. Isto me faz bem e evita o isolamento”, comentou o papa Francisco na carta ao pe. Quique, que lhe havia escrito em 1° de maio.
O sacerdote argentino comentou na rádio La Red La Rioja que, no último domingo, chegou à casa de retiros Tinkunaco, ao lado de sua paróquia, e encontrou um envelope dirigido a ele, mas sem remetente.
“Isso me chamou a atenção e eu abri imediatamente. Aí tive a grata surpresa de ver que era a resposta do papa, que eu conheço faz muito tempo. Eu tinha escrito a ele para comentar sobre as festas da paróquia”, relatou o padre. Como ele tinha recebido o envelope justo antes do início da missa, decidiu ler a missiva papal no final da celebração, o que “alegrou muito a comunidade, tanto que os fieis aplaudiram quando eu terminei de ler”.
A carta que tanta surpresa causou ao pároco argentino diz textualmente:
“Querido Quique: Hoje recebi a carta do último 1º de maio. Ela me deu muita alegria; a descrição da Festa Patronal me trouxe ar fresco. Eu estou bem e não perdi a paz diante de um fato totalmente surpreendente, e considero isto um dom de Deus.
Procuro manter o mesmo jeito de ser e de agir que tinha em Buenos Aires, porque se eu mudar, na minha idade, com certeza vou fazer um papel ridículo. Não quis ir morar no Palácio Apostólico, vou lá só para trabalhar e para as audiências. Fiquei morando na Casa Santa Marta, que é uma hospedaria (onde ficamos alojados durante o conclave) para bispos, padres e leigos. Estou perto das pessoas e levo uma vida normal: missa pública de manhã, almoço no refeitório com todos, etc. Isto me faz bem e evita o isolamento. Quique, saudações para os teus paroquianos. Peço, por favor, que você reze e peça para rezarem por mim. Saudações para o Carlos e o Miguel. Que Jesus o abençoe e Nossa Senhora cuide de você. Fraternalmente, Francisco. Vaticano, 15 de maio de 2013”.
















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